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PRIVILEGIAR O CONTEXTO CULTURAL
PARA GARANTIR O FOCO NO RESULTADO

Introdução

Aprendendo a teoria by the book e aplicando na prática o by the culture

Osentido da expressão By the book, em tradução livre, quer dizer: realize exatamente igual ao livro, ou faça rigorosamente o que manda o manual.

As teorias (metodologias, estratégias, conceitos, abordagens, etc.) descritas nos livros são geralmente testadas e amadurecidas em ambientes controlados até chegarem em sua versão de publicação. Em sua maioria, estes estudos foram consolidados a fim de fornecer uma aplicação mais ampla e generalista, e com isso, desconsideram pontos com baixa incidência estatística que não interferem no resultado do estudo. No entanto, esses pontos podem ser justamente a nossa necessidade.

Baseado nisso, fui entender como os profissionais estavam conduzindo seus projetos. E o que mais escutava era algo do tipo: “Esta é a cultura…”, ou “Nossa cultura permite…”, ou “Se pensarmos na cultura…”. Assim que parei para compilar todas as informações, percebi que a teoria continuava essencial.

Entretanto, quando colocada em prática, na grande maioria das vezes, requer adaptações, e a cultura é o motivo para essas adaptações. By the culture é uma estratégia que privilegia o contexto cultural e garante o foco no resultado.

Baseada em teoria, comportamento, conhecimento empírico e tudo aquilo que possa facilitar o atingimento dos objetivos, sem desconsiderar a cultura na proposta da solução e em sua aplicação prática.

Optar por não considerar a cultura do ambiente em que estamos inseridos, é assumir impactos nos resultados, uma vez que não temos espaço para adaptações e improvisos, criamos barreiras para a evolução das pessoas, dos processos, das atividades e tudo que faz parte do nosso contexto.

Não se trata de abandonar as regras das teorias, é também sobre pensar em adaptação à cultura

Quando nos adaptamos à cultura, reduzimos a complexidade das mudanças e facilitamos a conquista dos nossos objetivos. Todos os nossos feitos envolvem pessoas; por sermos diferentes, seguir estritamente a um manual sem adaptá-lo para o contexto prático é tomar um caminho mais difícil para atingirmos o objetivo. Quando nos deparamos com situações que não nos permitem aplicar na prática alguns dos requisitos obrigatórios descritos nos manuais, é fundamental que tenhamos o conhecimento do contexto em que estamos inseridos. Assim, podemos rapidamente darmos uma resposta satisfatória aos desafios que nos estão sendo apresentados. Pois, na maioria das vezes em que tentamos aplicar conceitos que não são apropriados para uma determinada situação, apuramos resultados insatisfatórios que geram custos emocionais, temporais, financeiros e impactam o trabalho durante todo o período em que estivermos atuando.

Adaptar-se à cultura facilita o conhecimento do todo e auxilia na identificação de problemas, bem como na proposição de soluções viáveis para o atingimento dos objetivos. Após diversas experimentações, obtivemos os melhores resultados quando aplicamos o by the culture no seguinte formato e, por isso, consideramos ser um ótimo roteiro para uma aplicação de sucesso. Insistimos para não ficar preso a este guia; descubra a melhor forma para compreender a cultura em que estiver inserido e adapte esta estratégia para alcançar os melhores resultados.

Devemos definir um escopo para atuação, chamaremos este escopo de Objeto. Um Objeto é o conjunto de um ou mais itens, que chamaremos de Componentes. Um Componente pode ser um processo, um procedimento, um fluxo, uma atividade, uma pessoa ou qualquer coisa que interaja com o Objeto.

Trabalhar com pequenos blocos é mais fácil e produtivo. Por isso, ao utilizar a estratégia by the culture, atuaremos em cada Componente individualmente, sem perder o foco no Objeto ou no objetivo. Desta forma, teremos pequenos escopos controlados durante todo o processo.

Ao aplicar o by the culture na prática, identificamos quatro etapas para facilitar a obtenção dos objetivos: Observação, Aprendizado, Análise e Convencimento. E pode ocorrer de identificarmos a necessidade de atuarmos em mais de uma destas etapas ao mesmo tempo.

A prática nos torna capazes de responder da melhor forma em cada situação. Como Observadores, temos a visão macro; como Aprendizes, conhecemos os detalhes; como Analistas, idealizamos melhorias; e como Convincentes, propomos a implementação das melhorias.

By the culture nos fornece o melhor uso do empirismo, conhecimento teórico e comportamento cultural, ambos no mesmo contexto

Observador
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O Observador deve ser capaz de mapear os limites que definem o Objeto, além de identificar todos os seus componentes. Ele deve compreender o motivo pelo qual eles foram definidos e estão sendo utilizados no modelo atual.

Para aumentar a eficiência, é mais produtivo mapear todos os Componentes e organizá-los em pequenos blocos. Isso otimiza o tempo de aprendizado e facilita a compreensão do todo.

O aprendiz deve ser capaz de descobrir e internalizar o funcionamento de cada Componente, incluindo a atuação das pessoas no contexto. Se for viável, deve-se colocar a mão na massa. Realizar o trabalho exatamente como ele vem sendo feito, além de facilitar o tempo da curva de aprendizado, fornece uma compreensão mais próxima da realidade.

Além disso, trabalhar em par ou com o suporte das pessoas que realizam as atividades possibilita a descoberta de particularidades que somente como observador não seríamos capazes de identificar.

Aprendiz
Convencedor

O convencedor deve ser capaz de propor as soluções necessárias de modo que as pessoas entendam e acreditem na transformação. Além disso, é essencial que estejam dispostas a implementá-las e difundir essas novas ideias, tornando-se agentes transformadores. Pessoas motivadas e engajadas são participantes ativos no processo, fornecendo feedbacks aderentes à realidade e ajudando na proposição de novas ideias, mantendo viva a evolução do nosso Objeto.

Quando as pessoas enxergam a transformação como uma oportunidade de melhoria, todo o processo evolutivo se torna mais fácil. Quanto mais envolvidas no processo, maior é a participação e a abertura para propor e receber as mudanças.

Analista

O analista deve ser capaz de avaliar cada um dos Componentes, mantendo o olhar crítico e direcionando seu pensamento para os resultados desejados com as transformações propostas. Isso visa agregar valor ao Objeto como um todo e atingir os objetivos propostos. Além disso, os conhecimentos adquiridos como Observador e Aprendiz fornecem insumos para criar soluções baseadas na concatenação dos conhecimentos teóricos com a cultura do meio e as experiências pessoais.

Um excelente ponto de partida para o Analista é buscar respostas para as seguintes perguntas:
– O que será mantido e como será mantido?
– O que será evoluído e como será evoluído?
– O que será descontinuado e como será descontinuado?

Respondendo a essas perguntas, o Analista obterá uma visão clara da composição do objeto após as transformações. Antes de propor a prática de qualquer solução, é crucial saber se ela já foi tentada na prática e, se sim, quais foram as razões para serem descontinuadas. As soluções devem ser refinadas, atualizadas ou substituídas, visando sempre alcançar o objetivo.

Parceiros

A aplicação prática da teoria torna-se muito mais fácil quando a aplicamos considerando o contexto cultural em que estamos inseridos.

Para embasar nossa estratégia, coletamos informações a partir da seguinte pesquisa:
Na maioria das vezes, os times entregavam tudo que era planejado?
Já trabalhou com agilidade em algum projeto?
Os projetos ágeis seguiam estritamente o manual?
Na sua opinião essa abordagem para agilidade é mais produtiva?

Consolidação dos dados

Considerando os conhecimentos sobre metodologias ágeis

Todos os profissionais já tiveram contato com a agilidade, o que sugere que os dados desta pesquisa são condizentes com a realidade. Os participantes possuem o conhecimento mínimo necessário sobre o assunto, validando os resultados obtidos.

Considerando a aplicação prática e abordagem preferida

Apesar da maioria dos projetos não seguirem as definições dos manuais, cerca de 72% dos profissionais preferem trabalhar dessa forma, adaptando a teoria em seus projetos. Por outro lado, apenas cerca de 8% declaram preferir o “by the book”. Esses números nos levam a refletir sobre a estratégia by the culture, onde o sucesso da aplicação prática da teoria para a maioria dos profissionais depende diretamente de adaptações.

Considerando a aplicação prática da teoria

Cerca de 80% dos profissionais geralmente não atuam em projetos que seguem estritamente as regras do manual. Esses dados ampliam nossa compreensão sobre a adaptabilidade e a transformação by the culture.

Considerando a aplicação prática, abordagem preferida e entregas realizadas

Ao consolidar a análise de todas as questões, observamos que mais de 45% dos profissionais não seguem estritamente o manual, optando por considerar a adaptação da teoria como uma abordagem mais promissora, e conseguem cumprir os prazos. Adicionalmente, cerca de 27% dos profissionais compartilham dessa visão, embora enfrentem dificuldades para cumprir os prazos.

Esses números destacam que a maioria dos profissionais adapta a teoria para a prática e quase dois terços conseguem realizar as entregas dentro do prazo.

Conclusão

By the culture mais que by the book

Como podemos confiar que uma teoria se aplicará exatamente como concebida em cada situação prática? Agilidade é sinônimo de transformação; ser ágil implica em abraçar mudanças. Portanto, a ideia de que teorias e manuais são imutáveis entra em conflito com a própria natureza da agilidade. Num mundo dinâmico como o nosso, é impensável que as teorias não sejam impactadas. A agilidade, concebida para a transformação, não pode manter suas aplicações práticas inalteradas, como descritas nos livros, sem sofrer qualquer adaptação.

Introduzir obrigatoriedades no contexto ágil vai de encontro à sua essência. A estratégia “by the culture” demonstrou sua eficácia nos projetos em que foi adotada. Ela surge como um suporte às mudanças, permitindo a inserção do contexto cultural no processo de transformação, facilitando a adaptação, aprendizado e progresso ao longo da evolução do nosso Objeto. Essa abordagem nos capacita a propor soluções que harmonizem as mudanças necessárias com a cultura existente, minimizando impactos e maximizando resultados.

A proposta da estratégia “by the culture” é utilizar qualquer recurso disponível para alcançar nossos objetivos. Ao adaptar conscientemente as teorias à prática, mesmo quando não seguimos à risca os manuais, aumentamos a probabilidade de entregar resultados dentro do prazo e com qualidade.

“By the culture” mostrou-se eficaz e deve ser aplicada em qualquer tipo de transformação, inclusive na mudança da cultura organizacional.